DECAMERÃO: Como se fosse uma fábula
Deborah Secco vive a infiel Monna e Lázaro encarna um papel de galã
Para Jorge Furtado não existe diferença entre TV e cinema. A qualidade e o empenho que o director dedica aos dois é a mesma. Basta assistir a ´Decamerão - A comédia do sexo´, inspirada nos textos do italiano Giovanni Bocaccio, que estreia nesta sexta-feira, após o ´Globo repórter´
A microssérie de apenas quatro capítulos recebeu o selo de qualidade do director e da sua produtora, a Casa de Cinema. Tudo ali foi pensado para ser exactamente daquele jeito, os actores - um grupo de primeira linha que inclui nomes como Lázaro Ramos, Deborah Secco, Mateus Nachtergaele, Daniel de Oliveira, Leandra Leal e Drica Moraes - , convocados com meses de antecedência, a locação, a luz, os detalhes...
´Para mim não existe distinção. Tenho um prazer enorme nesse trabalho, pois é um projecto antigo. E lida com a fantasia, que me agrada muito mais que a realidade. Acho que a TV está saturada de hiperrealismo´, explica o director.
O local é um achado que confere um ar atemporal ao especial. As baixíssimas temperaturas produziram um nevoeiro que só ajudou a criar o tal clima místico que Furtado procurava. ´A impressão que a gente tem é que a qualquer momento vão sair pelo bosque a Branca de Neve e os Sete Anões´, brinca.
A primeira adaptação que Furtado fez dos contos de Bocaccio foi no especial exibido no fim do ano passado. O programa serviu de embrião para a microssérie, que narra as aventuras de personagens clássicos da ´commedia dell’arte.´
´Na hora que o Jorge me chamou para fazer a Monna eu topei. Primeiro, porque adoro trabalhar com ele, segundo porque me identifico com a personagem, uma mulher que está em busca do amor verdadeiro´, conta Deborah Secco, que precisou tingir os cabelos de ruivo e decorar textos em versos para compor a sua personagem. ´Decorar nem é o problema, o difícil é fazer tudo soar com naturalidade´, completa a actriz.
Poético
Furtado diz que o roteiro, todo rimadinho, deu o maior trabalho, mas ajudou a criar o tal clima de fábula que ele buscava. ´Diálogos em rima te distanciam da realidade e resolvi radicalizar mesmo. Acho que o público gosta de novidade. Só ficou pior para os actores, que não podem improvisar no texto´.
Mas ninguém reclama, pelo contrário. Mateus Nachtergaele, por exemplo, é só alegria com seu personagem , o patético e corno Tofano. ´Normalmente eu faria o papel de Edmilson Barros, o Calandrino, que é o bufão, o palhaço. Mas estou com o sujeito sério, o burguês ridículo. É gostoso estar em outra função dentro da comédia´, comemora o actor.
Actor fetiche
Lázaro (Masetto) também parece satisfeito com seu falso padre, que tem um caso com uma mulher casada, vivida por Deborah Secco. ´Nunca sou galã de nada. Acho bom poder exercitar esse meu lado´, brinca o ator, que já trabalhou com Deborah em ´Meu tio matou um cara´, e com Leandra Leal em ´O homem que copiava´, ambos com direcção de Furtado.
´O Lázaro é meu actor-fetiche´, brinca o director, que comandava o clima família da produção. ´A minha equipa da Casa de Cinema está comigo há 25 anos. Procuro sempre trabalhar com os mesmo actores´.
O director não descarta a possibilidade de uma segunda temporada de ´Decamerão´, mas acredita que o maior empecilho é conseguir conciliar as agendas dos actores.
Se depender de Daniel de Oliveira é só marcar que ele vai. No seu primeiro trabalho com o director, o actor diz ter adorado viver o comerciante Filipinho, marido de Isabel (Leandra Leal). ´Foi meu papel mais comédia e ele ainda é bem caricatural, como todos os personagens. Por isso é tão divertido´.
Fonte: Zoeira