A novela de Gilberto Braga e Ricardo Linhares "Insensato Coração" decolou. E quando isso acontece, borbulham talentos em cada um dos gomos da trama. De repente parece que todos, indistintamente, são os responsáveis pelo sucesso. Não é bem assim. Mas não é sobre isso que falaremos agora.
No atacado, a dupla de autores repete a fórmula já adotada em "Celebridade", telenovela de 2003: surpresa nas ações dos personagens e novidades a cada capítulo. Só que desta vez existe o fenômeno internet, que torna tudo ainda mais acelerado. Cena gravada e, não demora, antes mesmo da exibição na TV, já está nas páginas do SRZD.
Na novela atual, como em quase todas as demais, existe aquela mulher que incendeia o país, a quem cabe o papel sensual, aquela que encarna a boazuda do pedaço. Desta vez, o modelito está representado por uma atriz carismática e corajosa. E por isso funcionou. Deborah Secco encarna a saltitante personagem cômica Natalie Lamour. A moça dos biquininhos de lacinhos provocantes.
Assim como a própria Deborah, Natalie também nasceu numa família de classe média baixa. Ou melhor, pelas indicações, Lamour veio até de um universo ainda mais modesto. Ela morou no Vidigal, favela do Rio, bem pertinho do Leblon, antes de mudar-se para um apartamento no Horto, bairro estilizado dos autores. E depois, casou-se com Cortês, o banqueiro corrupto de quinta categoria e aí transferiu-se para a mansão do ex-amante.
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Este artigo aqui não é para registrar exatamente isso, e nem a biografia da atriz que desde os 8 anos de idade está sob holofotes. Sim para tentar responder algumas perguntas: "Será que Deborah Secco terá forças para deixar de ser conhecida por personagens que tiram a roupa e exibem corpos bem torneados?". Ela será sempre uma atriz em eterna provação?
Por muito menos, colegas seus viveram amarrados a esteriótipos irreversíveis. Todos os que representaram o "Superman" no cinema jamais conseguiram se desvencilhar das garras de suas criações. Sean Connery, extraordinário ator escocês, lutou muito para que o vissem além de Bond, James Bond. Beatriz Segall será sempre a Odete Roitman.
Personagens fortes, ou perfis exaustivamente repetitivos, marcam um ator. E no caso da mulher, a "gostosa" que sempre representa a "gostosa", sofre muito para dizer ao mundo que é mais do que um "rosto bonito". "Eu também tenho qualidades dramáticas", gritou uma vez uma atriz que ninguém sabe mais o nome. Até acho que Deborah Secco tem força interior para mudar a sua página. Mas será que ela conseguirá fazer o mesmo sucesso?
Ela é franzina. Miúda. Levemente estrábica. Mas de uma alegria e identidade com a arte que representa que me faz crer que vale a pena vê-la superando limites. Madonna conseguiu. O engraçado no caso da mulher do jogador de futebol Roger é que o desafio dela após o término da novela será outro. De biquíni em "Insensato Coração" ou sem roupa em "Bruna Surfistinha", já sabemos do que ela é capaz.´
Fonte: Srzd