Deborah Secco ultrapassa depressão
A atriz, que dá vida a Inês na novela da Globo ‘Boogie Oogie’, diz ter aprendido a identificar os seus defeitos e a saber trabalhá-los da melhor maneira
Deborah Secco, que faz parte do elenco da novela Boogie Oogie, da autoria do português Rui Vilhena, e que se estreou há uma semana no canal Globo, revelou ter mudado de vida no final do ano passado, depois de ter conseguido superar uma depressão. “Eu mudei radicalmente. E não foi fácil”, conta, emocionada. Durante cerca de quatro meses, a atriz brasileira chegou a precisar de ser internada algumas vezes, percorrendo um caminho tortuoso, mas de muita reflexão. Agora, a atriz, de 35 anos, garante sentir-se feliz, confortável e segura para finalmente encontrar o verdadeiro amor e constituir a sua família. “Quero muito ser mãe”, adianta.
A grande condutora de tantas mudanças em Deborah foi Judite, a personagem a que deu vida no filme Boa Sorte, uma ex-toxicodependente seropositiva que vive um amor pela primeira vez. Elogiada pelo seu desempenho, pautado por momentos de enorme intensidade e fragilidade, a atriz revela que chegou a perder 11 quilos para interpretar a personagem.
– Por que é que o filme Boa Sorte mudou a sua vida?
Deborah Secco – Descobri com a Judite que vou morrer. Sempre soube, mas nunca soube mesmo. Por isso, preciso de respeitar a minha essência, não ser menos feliz do que quero, posso e devo ser. Nós só temos o agora.
– E o que é que isso concretamente mudou em si?
– Quando acabaram as gravações, mudei tudo. Não ia mergulhar todos os dias no mar e passei a ir, porque me faz bem. Resolvi questões pendentes e emocionais. Afastei algumas pessoas da minha vida e aproximei-me de outras. Foram decisões duras, difíceis. Também elegi algumas prioridades, como a de encontrar alguém, um companheiro. Talvez na próxima relação me deva focar mais na pessoa que está ao meu lado e menos no meu trabalho.
– Acha que tem cometido erros?
– Acho que hoje tentaria fazer as coisas de maneira diferente. Cheguei à conclusão de que precisamos de equilíbrio e eu, por vários motivos, não o tive. Tinha uma família que dependia de mim, e punha isso em primeiro lugar. Não sei se foi uma escolha errada, mas foi a minha. Hoje, a minha mãe e os meus irmãos já andam sozinhos, tenho uma carreira que me realiza e estrutura financeiramente, o que me dá paz e serenidade. Por isso, posso procurar outras coisas e começo a sentir falta de ter a minha própria família.
– Lidar com a morte trouxe-lhe algum tipo de receio?
– Não, mas fez-me questionar bastante. Houve uma fase em que fiquei depressiva, achava que não valia a pena tanto sofrimento para, no fundo, nada. Lembro-me de ter conhecido uma menina de 12 anos seropositiva. Um dia disse-lhe que ela iria para o céu, um lugar especial. Ela respondeu-me:
“Na verdade não sei, ninguém sabe. Se existir outra vida, não sei se vai ser tão boa como esta.” Na altura fiquei deprimida. Foram quatro meses, em que cheguei a precisar de ficar internada.
– A que atribui essa depressão?
– Principalmente, à perda da Judite. Foi como se eu tivesse perdido metade de mim, a minha melhor parte. A minha vida voltou a ser chata sem ela. Vivemos aquele mundo e, de repente, voltamos para a nossa casa, o que não é assim tão interessante. A nossa vida não é um filme, não tem banda sonora nem planos incríveis e mirabolantes. Por isso, é muito difícil desligarmo-nos de personagens tão arrebatadoras. A despedida é cruel. Mas o tempo é senhor de muitas coisas. Uma delas é tornar pequeno o que parece muito grande. Mostra que as dores são curáveis.
– Como saiu da depressão?
– Porque estou viva, estou aqui. Acho que não tenho que questionar e ser feliz com o que me é dado agora, neste instante. Sou uma pessoa de fé, acredito que existe algo mais. Estou aqui para evoluir. Creio que amanhã posso ser melhor do que sou hoje. Aprendi a identificar os meus defeitos, a trabalhá-los da melhor maneira possível, a desligar-me dos bens materiais e do que realmente não tem valor. E de me aproximar do que vale, do amor.
Fonte: Caras