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deborahsecco

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01
Abr15

Mesa Redonda QG f*hits com Deborah Secco e Marcos Proença

Deborah Secco Portugal

Estreia do QG fhits no SPFW em grande estilo. A atriz Deborah Secco e o super hair stylist Marcos Proença participaram da primeira rodada de bate-papos na suíte presidencisl do Hotel Unique.
Com mediação de Alice Ferraz, a conversa rolou solta com muita emoção e depoimentos inéditos de Deborah.

18
Out14

Revista Trip - Deborah Secco

Deborah Secco Portugal

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 Aos 34 anos, a atriz segue estampando de maneira fatal nosso imaginário de capa de revista

 

Desde os 8 anos, Deborah Secco acontece sob os holofotes. Como numa história que corresse paralela a sua própria história, suas personagens sempre estiverem um passo à frente. O primeiro beijo na vida real veio depois do beijo na ficção. O sexo existiu antes na novela. Aos 34 anos, a atriz segue estampando de maneira fatal nosso imaginário de capa de revista. Mas é possível falar com ela. Enquanto seu personagem posava para as fotos desta edição, Deborah Secco conversou com Trip. Assertiva, forte mas frágil, conhecedora de seus limites e de sua trajetória, a atriz cita aquela que chamou de "frase da sua vida": "Uma pessoa não é aquilo que quer, mas o que pode ser"

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Ela se diz transformada por dois de seus papéis no cinema: uma garota de programa egressa da classe média, em Bruna Surfistinha, mais de 2 milhões de espectadores em 2011; e a soropositiva terminal Judite, de Boa sorte, estreia da diretora Carolina Jabor na ficção, a ser conferido nos cinemas a partir de novembro. Para viver este drama baseado em conto do cineasta Jorge Furtado, Deborah Secco perdeu 11 quilos.

Com todos eles de volta (e mais três adicionais), a atriz carioca teve pela frente novo papel principal, o de uma decadente apresentadora de programa infantil, em A estrada do diabo (ainda sem estreia definida), de André Moraes. “Um filme diferente de tudo. Um grupo de atores está fazendo um longa de baixo orçamento e meio que pira no método Fátima Toledo, não sabe mais o que é a realidade”, diverte-se.

A alusão à polêmica preparadora de elenco (de Pixote, Cidade de Deus e Tropa de elite), conhecida pela linha dura e busca por uma atuação realista custe o que custar, entra de modo bem-humorado na conversa testemunhada por uma mesa generosa, repleta de guloseimas, fraco confesso da anfitriã. No luxuoso apartamento de Deborah, em frente à praia da Barra da Tijuca, o cenário oceânico do Rio se comporta de maneira pouco usual durante as 2 horas de papo: relâmpagos, fortes ondas, chuva de granizo.

Habituada aos holofotes desde os 8 anos, a ex-estrela infantil faz psicoterapia há duas décadas. Desde 2004, depois de sofrer de um problema na tireoide, começou uma virada atlética à base de variada rotina de exercícios: após a entrevista, empolgada, faz questão de demonstrar energicamente seus movimentos de levantamento olímpico, também conhecido como halterofilismo. Solteira após dois casamentos (com o diretor de TV Rogério Gomes, entre 1997 e 2001, e o futebolista Roger Flores, de 2009 a 2013) e um relacionamento longo com Falcão, vocalista d’O Rappa, Deborah chega aos 34 anos sem fazer o tipo je ne regrette rien (não me arrependo de nada).

Ela não se orgulha de ter posado nua para a revista Playboy duas vezes, em 1999 e em 2002, exibindo o nu frontal que mesmo no ousado Bruna Surfistinha, por exemplo, não foi necessário. “Eu poderia ter feito teatro com Antunes Filho, virado uma atriz cool. Me questionei bastante sobre isso, mas precisava da estabilidade financeira, queria proporcionar coisas para a minha família”, conta a menina criada em Jacarepaguá (zona oeste do Rio), em uma família de classe média – “baixa”, completa.

Na preparação para filmar Bruna Surfistinha, a menina que era “fragilzinha” e “fresquinha” (termos dela mesma) viveu por um mês entre garotas de programa. Moças estupradas pelos pais ou padrastos, que se drogavam para aliviar a dor, que lutavam para mandar dinheiro para filhos que mal viam. “Uma puta vida infeliz. Mas a capacidade delas de sobreviver me fez valorizar tudo que eu consegui. Uma delas me disse o que virou a frase da minha vida: ‘Deborah, ninguém é o que consegue ser. A gente é o que pode ser’. Apesar de todos os erros que cometi, dos tropeços que dei, estou superbem, tenho saúde, minha família está ótima. Vindo do lugar de onde venho, estou aqui, agora, neste apartamento”, pesa, expandindo o olhar para o belo céu encrespado.

Boa sorte, filme do qual (a exemplo de Bruna Surfistinha) Deborah é coprodutora associada, também colocou a estrela, que há dez anos tem contratos entre o primeiro time da Globo (e 20 anos de casa), no meio de mulheres com quase nada no horizonte. Visitou várias soropositivas terminais, tinha a ideia de fazer uma mulher “forte, guerreira”. Mas, ao conversar com o infectologista David Uip (atual secretário de Saúde de São Paulo), o primeiro a diagnosticar um caso de Aids no Brasil, descobriu outra chave para sua personagem. “Ele me disse que em todos os pacientes que acompanhou e viu morrer havia uma força construída na serenidade de aceitar a situação”, fala. 

Deborah tem um projeto em parceria com o diretor André Moraes já aprovado para a Gshow, braço de internet da TV Globo. “É para debater temas polêmicos, dizer não ao preconceito. Só poderia funcionar na web, porque na televisão sofreria censura”, adianta. Em breve, vai filmar, com Daniel Filho, em dois dias, Obra-prima, filme que “pretende quebrar paradigmas de distribuição no Brasil” (talvez seja exibido apenas on-line). Também tem se arriscado a escrever roteiros, desenvolvendo ideias com João Falcão e Zé Henrique Fonseca. “A minha expectativa agora é arriscar, fazer o que não sei se vai dar certo. Como me disse a Fernandona [Fernanda Montenegro, que vive a avó de sua personagem em Boa sorte], antes de uma cena: ‘Minha filha, a gente nunca vai saber se está fazendo direito’. Aquilo me deu uma calma pra vida.” Deborah diz que sua religião são “seus atos”, mas, por via das dúvidas, ligou para a mãe depois de filmar com a veterana. “Vamos numa igreja agradecer.”

 

 "Aprendemos com a minha mãe a não depender de homem: não se venda por nada, seja dona da sua vida, você é quem manda, você pode, você faz"

 

Em algum momento você pensou em ser outra coisa que não atriz? Não tenho lembrança da minha vida sem ser atriz. Nasci sabendo que seria atriz. Escrevi uma peça aos 5 anos, O arco-íris sem cor. Não foi só o texto, eu tinha todos os figurinos desenhados. Minha mãe conta que eu brincava de chorar, de rir, brincava que tinha perdido a memória, chegava no colégio sempre com uma personalidade diferente. Numa dessas brincadeiras, tipo  adedanha, vinha a pergunta: “Atriz com a letra D”. Eu respondia: “Deborah Secco”. Daí diziam: “Não valeeeee! Você ainda não é atriz”. E eu reagia: “Sou atriz, sim!”. Tracei minhas metas ainda menina: com 25 anos vou ser protagonista de novela da Globo, com 50 eu ganho o Oscar. Aos 24, um mês antes de fazer 25, o meu nome veio antes do de todos em América, novela das 8. Agora, o Oscar... [risos]. Sempre achei que tudo ia dar muito certo. Eu tinha um acordo com meu pai que, se eu tirasse menos de oito em alguma matéria da escola, pararia com o que ele chamava de “brincadeira”. Para mim, não era brincadeira. Era o meu trabalho, a minha vida. Desde os 8 anos passei a ganhar dinheiro com a profissão. Quando fazia o seriado Confissões de adolescente [na TV Cultura, em 1994, aos 14 anos], fiquei três meses sem ir às aulas, e combinei na escola que poderiam exigir 7,5 de média, mas que não me reprovariam por falta. Eu já tinha como meta os oito para o meu pai mesmo...

Seus pais se separaram quando você tinha 12 anos, você foi criada pela sua mãe. O ambiente na sua casa era feminista? Meu pai se casou de novo e foi se distanciando de nós. Meu irmão ficou dois anos com ele, só depois é que veio morar conosco. Então, no começo, éramos minha irmã, minha madrinha, minha mãe e eu. Sempre senti falta de um homem protetor, uma figura paterna. Mas minha mãe [Sílvia] nos criou – eu e minha irmã, Bárbara, – para sermos a mulher que ela não foi. E criou meu irmão para ser o marido que ela não teve. Minha irmã hoje é advogada bem-sucedida, com escritório que atende grandes empresas. Aprendemos com a minha mãe a não depender de homem: não se venda por nada, seja dona da sua vida, você é quem manda, você pode, você faz. Para o meu irmão, a lição era: não pode ficar o dia inteiro fora trabalhando, tem que ver sua mulher, seus filhos. E ele de fato prefere ganhar menos e ter tempo para levar o filho para o judô, é aquele marido que chega cedo e espera a mulher com o jantar pronto.

 

"No primeiro nu que precisei fazer, fiquei chorando o tempo todo. Tremia, não conseguia. O Daniel Filho, que me dirigiu no Confissões de adolescentes, e foi como um pai para mim, me disse: 'Vamos para a análise. Botar pra fora suas angústias.'"

 

Ela sempre foi dona de casa? Minha mãe não tem profissão, sempre foi mãe. Acho que é a profissão mais difícil que existe. Com três filhos, então, ela vivia em função da gente. Meu irmão era nadador, treinava 8 horas por dia. Acordava às 4 da manhã pra ir de Jacarepaguá (zona oeste do Rio) para o Fundão (Ilha do Governador, zona norte). Ela ia e voltava para levar a gente para o colégio, depois buscava. Ela brincava dizendo que era nossa chofer. Mas fez toda a diferença na nossa vida. Ela ficava na janela do balé gritando “é a melhor”, “linda” – mesmo eu não sendo. Levava meu irmão em todas as competições, ficava na beira da piscina com um chocolatinho na mão gritando “vai!” Tudo que ela fez por mim, fez por eles. Minha irmã também era do esporte: natação, tênis, vôlei.

Você teve uma outra irmã, mais velha, que morreu na infância. Eu tinha 1 ano e meio, ela tinha 5. Erro médico, ela teve alergia a um antibiótico, o médico não quis fazer logo a traqueostomia. E eu cresci com essa coisa de “a Deborah é doente, é fraquinha”. Tinha alergia a muita coisa. Entrava no mar, alergia a iodo; comia camarão, corre para o hospital. Hoje, tenho o maior orgulho de ser, dos meus irmãos, a atleta, a única que faz exercícios com um compromisso maior. Não só pela estética, mas por vencer os desafios que eu não conseguia. Fazer barra de um jeito que meu irmão não faz! Quando ganhei um pouco mais de dinheiro com o Confissões de adolescente fomos todos para a Disney. Na época, não andei em nenhuma montanha-russa, morria de medo, era toda fresquinha. Agora, há pouco tempo, voltei com meu irmão e minha sobrinha. Fui em todos os brinquedos, naquele Lex Luthor Drop of Doom, por exemplo, que é uma queda imensa [de 120 metros, a mais alta do mundo em parques de diversões]. Durante toda a infância fui a pobrezinha [risos]. E a mais feia. Meu irmão tem 1,93 metro, era muito bonito. Minha irmã tem 1,75 metro, e eu com meus 1,64 metro. Minha irmã ganhou corpo rápido, tem olhos verdes, cabelo loiro (depois escureceu). Eu sempre tive muita espinha, vergonha absoluta do meu corpo magrinho. Só fui aprender a andar de bicicleta há três anos. O meu instrutor falou: “É inadmissível. Você tem equilíbrio, fica em pé na bola de pilates, vai aprender!”.

Muitos talentos precoces sofrem na vida adulta em função da infância roubada pela profissão. Qual foi o impacto disso na sua trajetória? Eu não me queixo. Em Jacarepaguá, tinha pique, queimada, gato mia. Brincadeiras mais físicas que as das crianças de hoje. Eu tinha uma única boneca Barbie. Quando fui para os Estados Unidos pela primeira vez, com o dinheiro que ganhei, comprei 20 Barbies. Graças a Deus tive uma sobrinha para herdar todas. E pude brincar com ela tudo o que não brinquei na época. Meu pai era matemático, dava aulas em colégio para os melhores alunos, que estudavam muito para passar no IME [Instituto Militar de Engenharia] e no Ita [Instituto Tecnológico de Aeronáutica]. Ele me dava problemas de vestibular e eu, com 10 anos, resolvia pela lógica. Ele dizia que eu seria uma grande matemática. Ficava louco com essa coisa de eu querer ser atriz. Mas eu dizia: vou ser atriz de qualquer jeito. Se der tudo errado, vou ser atriz pobre, vou passar o chapeuzinho na praça. Eu fiz vestibular só para dar satisfação para eles, entrei em filosofia, na PUC-RJ. Passei, tranquei e falei: “Pai, meu compromisso com você foi até aqui. Tá bom assim”.

 

"Meu primeiro beijo veio antes na ficcção. As personagens viviam coisas antes de mim. Isso me machucava. O início dessa coisa da Deborah sexy foi muuuito doloroso"

 

O que você lia quando criança? Eu li O amor nos tempos do cólera com 9 anos. Pensei: “É isso que eu quero! Um amor que não dê certo, porque aí você vive a vida toda com aquilo, a expectativa. Imagina que chato arrumar um amor que dê certo logo aos 20 anos? Perde a graça”. Era uma coisa completamente louca e adiantada para a idade. Eu sempre falo que, em todas as minhas relações, tentei acreditar no príncipe encantado. Acho que assim fui levando adiante muitos relacionamentos. Como atriz, eu nem deveria falar isso, mas... Como espectadora, o que gosto mesmo é de Uma linda mulherGhost, Um dia, filme com a Anne Hathaway. Eu choro. Sempre gostei de histórias de amor, e fico pensando em vivê-las, claro. “Quando ela mente/ não sei se ela deveras sente/ o que mente pra mim” [versos de “Ela faz cinema”, de Chico Buarque] é o que mais me define nos relacionamentos. Eu falo pra mim mesma: “Não finge, Deborah, não finge”. Hoje eu tô trabalhando isso.

Que tipo de terapia você faz? Comecei a fazer análise com 18 anos. Tem ideias do Gurdjieff [1866-1949, místico armênio], eneagramas que ajudam a compor meus personagens. Comecei quando fiz uma novela, Suave veneno. Foi meu primeiro papel sexy. Eu não tinha a bagagem sexual que a personagem exigia e dei uma pirada. Tinha uma cena de dança que eu não conseguia fazer, o Daniel Filho cancelou a gravação até. No primeiro nu que precisei fazer, fiquei chorando o tempo todo, não conseguia. Tremia inteira, chorava e o Daniel, que foi um pai pra mim, que tinha me dirigido no Confissões de adolescente, me disse: “Vamos para a análise. Botar pra fora suas angústias, seus medos”. Na terapia, eu descobri que estava chorando porque ainda não tinha vivido aquilo. “Pô, para de roubar minha vida, ô, profissão!” Como no meu primeiro beijo... Meu primeiro beijo da vida real veio depois, um ano e meio depois, de eu ter beijado no teatro. E foi num curso, com o André Gonçalves. Lembro que pedi: “Dá beijo de língua, porque eu não sei beijar e preciso aprender. Eu nunca beijei na vida real”. As personagens viviam as coisas antes de mim. Isso me machucava. O início dessa coisa da Deborah sexy foi muuuito doloroso. Virei sex symbol, mas não sabia nem transar.

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Mas você abraçou isso bem demais, ou pelo menos assim ficou parecendo... No início, eu vou te falar que fiquei muito feliz. “Ganhei da minha irmã!” [Risos.] Depois vi que aquilo, para a minha família, naquele momento, era muito... útil. Porque podia trazer uma estabilidade financeira, uma visibilidade maior. Mas chegou uma hora em que começou a ficar só aquilo, e vi que tinha que buscar outras coisas, mostrar que eu era... o oposto daquilo. Eu não me acho nada sensual. Sou uma supermulher, legal, bem-humorada, carinhosa. Mas sexy não seria um dos adjetivos. Essa coisa que o Daniel Filho me ensinou: “Nada da Deborah pode ser maior do que a personagem. A sua vergonha não pode ser maior que a personagem! Sua vaidade, seu medo... A Deborah fica no camarim! Quem vem pro set é a personagem”. E ele, com aquela coisa do pai: “Você vai ter que trabalhar isso. Fiz assim com a Glória Pires, com a Sônia Braga, com todas elas. Então você vai aprender também. Não é a sua ética, não é a sua moral que estão aqui!”. Com isso, aprendi mesmo. A minha vaidade não é maior que o meu trabalho. Tive que emagrecer 11 quilos para fazer o Boa sorte. As pessoas me olhavam na rua, nunca me viram tão feia. Fiquei trancada em casa, porque, nas poucas vezes em que apareci, dava problema. Depois engordei todos os 11 quilos perdidos e mais 3 para fazer A estrada do diabo. Nessa época, dezembro de 2013, apareci no Vídeo show e no Altas horas. Foi nota por um mês: “Deborah gorda!”.

Hoje você atua também como produtora executiva. Os homens ainda se assustam com mulheres poderosas, ricas, donas de si? Não sei, hoje acho que vejo os homens mais assustados com mulheres que querem tirar proveito material deles. Que querem se aproveitar de uma relação para ganhar dinheiro, patrimônio. É triste, mas tem mulher que está aí para isso, os caras têm razão de se sentir acuados. Diante de uma mulher que se banca, que se basta, esses homens não duvidam do amor, se sentem verdadeiramente amados. No meu caso, talvez o meu patamar financeiro possa intimidar quem está muito longe dele. Mas eu estou tão longe de ser o que eu tenho! Minha essência não é essa.

 

"Perdi a virgindade aos 18 anos. [...] Não sou o tipo de mulher que vai dar para um cara hoje sem pensar que amanhã a gente vai se falar e discutir o nome dos nossos filhos. Se não for assim, nem começa"

 

Você é religiosa? O que eu acredito... A minha religião é o que eu faço, é a minha prática no dia a dia. Como diz uma menina, doente terminal, que eu conheci na preparação para o Boa sorte: “Certeza, certeza de que tem outro lugar, eu não tenho, não! Então vamos aproveitar aqui. Se puder, Deborah, traz logo amanhã bolo e brigadeiro!” [Risos.] Ela falava isso como uma diversão! Agora, depois de ter trabalhado com a Fernandona [Fernanda Montenegro], eu liguei pra minha mãe e falei: “Vamos numa igreja pra agradecer”.

Você ficou famosa no Confissões de adolescente, era uma molecota. Agora, na recente adaptação do seriado para o cinema, viveu uma tia. Como se vê envelhecendo? É muito louco, porque a gente lembra de olhar para a nossa mãe com essa idade e achar velha. Mas, cara, me sinto começando a minha vida. Se a finitude não me interromper antes do esperado, quero envelhecer. Desejo arduamente as rugas, ficar com o cabelo branco, desejo ficar toda curvadinha. Porque só não fica quem morre antes! Eu tô no comecinho, sou muito disposta a encarar coisas novas, arriscar. Tem uma coisa que dizem de mim: “Ah, a Deborah namora e muda de personalidade, vira outra pessoa”. Não é que eu vire. Mas qualquer relação é feita de trocas. E eu sem preconceito me predisponho a conhecer tudo. Eu sou super diurna e quando namorei o Falcão me dispus a entrar nos horários dele. Vi que aquilo poderia me fazer bem de alguma maneira. Eu ia e depois determinava meu limite: vai você, e eu fico em casa lendo um livro.

Você disse outro dia numa entrevista: eu não quero ser uma celebridade. Como é a sua relação com esse universo? Eu acho que as celebridades deveriam ser cientistas, pessoas que inventaram coisas importantes, que fizeram trabalhos relevantes, transformações sociais. Essas são as pessoas que deveríamos seguir, observar, aprender. Eu, não. Não tenho essa importância. Tento dar uma humilde contribuição. No Boa sorte, a gente discute drogas, HIV, amor, finitude, temas fortes. Eu faço também uma peça, Mais uma vez amor, que mostra, entre outras coisas, a época dos confiscos no plano Collor, aparece a Zélia Cardoso de Mello. Depois, no camarim, os adolescentes perguntam quem era aquela mulher. Eu faço questão de explicar, falar para eles do confisco etc.

Mas você joga o jogo das celebridades, dá entrevistas para certo tipo de imprensa, participa como jurada do “Dança dos famosos”, até já quebrou duas costelas participando do quadro do Faustão... Ali, no programa, eu estou sendo leal a quem me ajudou, tenho gratidão à empresa que me contrata. Valorizo o tanto que me ajudaram e faço com prazer, além do profissionalismo. Em 20 anos, meu salário nunca atrasou, sempre foram corretos comigo. Me deram tempo para que eu me redescobrisse, para que eu fizesse outros projetos. Devo essa lealdade a eles quando precisam do meu lado celebridade. E também posso usar dessa condição na hora de sentar com uma empresa para pedir apoio a meus projetos, divulgar minha peça, meu filme. Esse equilíbrio é algo que busco, ainda estou amadurecendo. Eu hoje posso estar numa entrevista falando sobre certas coisas, mas procuro um limite. Estou aqui falando de uma Deborah que interessa às pessoas, mas não é a Deborah real. Eu posso dizer isso aqui [risos].

 

"Se um dia for necessário mostrar o peito e a bunda, ok, ele pertence à personagem. Se um dia for necessário  mostrar a vagina para contar uma história, eu vou mostrar. Desde que não seja algo gratuito"

 

Você falou do Mais uma vez amor, uma espécie de seu lado politizado. Quando e como foi que você tomou consciência das coisas da política nacional? Lá em casa era proibido levantar da mesa sem ler jornal. E não tinha essa de “não quero ler a parte de economia”. Aprendi muito viajando e vendo as desigualdades do Brasil. Eu tenho um projeto social, junto com a escritora Martha Medeiros, que leva dentistas e oculistas ao interior. Tem outro com ginecologistas. Usei meu lado celebridade pra conseguir apoio. E comecei a ir com uma van fazer o preventivo em mulheres que nunca tinham feito um preventivo na vida. Aí você vê que falta muita coisa mesmo para arrumar... Eu me disponho a ir lá, levar informação. E compreensão política de que uma cesta básica não é suficiente. Mas não levanto bandeira de nada na minha vida.

Você já foi elogiada publicamente pela Dilma... [Interrompendo.] Ela fez um elogio a Natalie, minha personagem na novela Insensato coração. Eu fiquei muito grata, como ficaria grata a qualquer elogio de qualquer brasileiro. 

Você vê um avanço na possibilidade de termos duas mulheres no segundo turno na eleição presidencial? Na questão política, eu não penso nisso, sabe? Eu quero um bom presidente, seja mulher, homem, branco, negro. Eu quero é alguém que, de verdade, faça pelo Brasil.

Nos seus relacionamentos, você sempre teve noção de igualdade, na base do “o que ele pode fazer, eu também posso”? Eu sempre procuro que seja assim, e não só nos meus relacionamentos amorosos. Não tem essa de que o homem é diferente. No relacionamento de igual para igual, o que o casal combinar, vale para os dois.

Você já deu uma declaração diferente sobre fidelidade, que ela não era essencial... Foram palavras distorcidas. Eu sempre falo que “o combinado não sai caro”. Já vi muitos relacionamentos em que a fidelidade não era algo essencial para ambas as partes... dar certo. Eu não saberia viver assim, mas super
-respeito quem topa. Eu de fato acho que amando alguém a gente não consegue. Eu vejo homem dizendo isso – homem acha isso até ver a mulher com outro. Mas vejo muitas pessoas vivendo assim, algumas bem, e respeito, até admiro, queria ter esse desprendimento, sabe? Mas acho que o amor ainda me torna egoísta. Até com amigo, às vezes sinto ciúme de amizade. Aquela coisa “puxa, minha amiga, tão minha amiga, e viajou com outra amiga!”

Você teve relacionamentos com dois homens de profissões que muitas veem como “de risco” no quesito fidelidade: músico, Falcão, e jogador de futebol, Roger. E também um diretor da Globo [Rogério Gomes, com quem foi casada de 1997 a 2001]. Ah, mas a gente não escolhe, né? O amor, ele acontece. Ele vem e me toca. Não importa o que a pessoa é: branca, negra, velha, nova, famosa, cantor, jogador. Eu vou ter que lidar com as consequências, assim como eles têm que lidar com as minhas questões. Então, até nisso, a gente vai trabalhando na igualdade [risos].

No filme Bruna Surfistinha, você aparece em cenas fortes, mas não há nu frontal. Houve questões contratuais, esse tipo de restrição? Olha, no começo, o contrato estava cheio de restrições. Aí eu fui viver
um mês com as meninas, as garotas de programa. Quando saí de lá, pensei: “Cara, eu não vou fazer Uma linda mulher, eu vou fazer o que eu tiver que fazer nesse filme”. Entendi que o que eu ganhei ali iria valer tudo. Fiz as cenas sem pensar. No final, na montagem, eu estava junto, e me preocupei em incluir todas as cenas necessárias para contar a história, sem a preocupação do que iria aparecer ou não. Queria causar o desconforto que senti vivendo aquela vida. Queria que os espectadores saíssem com uma sensação
estranha, pelo menos. Achava que eram muito mais fortes aquelas cenas de homens me pegando, me batendo, do que o nu, a perna aberta. A perna aberta não contava aquela história, os tapas, sim. Se
um dia for necessário mostrar o peito e a bunda, ok, ele pertence à personagem. Se um dia for necessário mostrar a vagina para contar uma história (de um câncer, por exemplo), eu vou mostrar, desde que não seja algo gratuito.

E fazer a Playboy, como foi? Hoje eu não faria novamente a Playboy. Na época, pensei na segurança financeira, no bem-estar da minha família. Na primeira vez que posei, gastei meu cachê com uma casa para a minha mãe, uma casa para o meu pai, e paguei os estudos dos meus irmãos. Na segunda, comprei uma casa para mim, e apliquei um dinheiro. Eu pensava: “Se eu ficar desempregada, consigo viver com esses juros”. A casa era em Jacarepaguá, depois a gente veio para a Barra. E hoje, como eu não preciso mais, já tenho essa segurança financeira, o que a revista pode me dar em troca? Não sou dessas pessoas que querem ter sempre mais, em termos de ganho material. Eu pensava muito nisto: quantas pessoas fizeram uma novela de sucesso com 18 anos e depois não deram certo? Eu achava que essa segurança
financeira faria uma diferença na nossa história. Por isso decidi posar nua. Hoje, tenho muita tranquilidade para falar a respeito. Depois que tive essa lição de vida com as garotas de programa, com quem convivi para fazer o Bruna Surfistinha, isso tudo ficou bem claro e resolvido para mim. Isso me permitiu ser quem sou hoje, não estar atrelada a projetos comerciais, não ter que vender, não o corpo, mas a verdade artística. Hoje eu posso brigar pela minha verdade artística.

Uma indiscrição, como você se refere a sua vagina? Nunca chamei de nome nenhum. Quando era criança minha mãe falava “limpar a pepeca”. Depois comecei a falar “vou fazer higienização íntima”. Boceta eu não falo. Acho feio. Vagina é uma palavra complexa, são muitas sílabas se comparar com cu [risos].

Ao longo da carreira, além do processo de conquistas pela atividade física, você também se submeteu a transformações corporais. Até que ponto colocar silicone nos seios, por exemplo, é uma exigência de mercado de trabalho? Na verdade, eu botei silicone por uma questão que surgiu na análise. Eu tinha um superproblema com o peito da minha irmã. Ela tinha um peito lindo – e o meu peito não crescia. Até que um dia, a Dora, minha analista, disse: “Ô, Deborah, eu sou contra a plástica. Mas se isso está te fazendo mal na relação familiar, resolve o seu problema. Vai para vida”. E eu: “Não sei, quero ter filho antes”. E ela: “Mas isso parece ser um problema tão grande que você talvez nem tenha filho por causa dessas questões”. Se é um nariz que incomoda, alguma coisa física que faz mal para a pessoa, acho ótimo resolver com plástica, mesmo que soe fútil para os outros. Eu cresci com isto: minha irmã era muito mais bonita, os meninos gostavam dela. Os que eu gostava, namoraram com ela. Ela é um ano e meio mais nova do que eu. Eu jogava a culpa disso no peito, sabe? E realmente foi a solução, porque eu botei o peito e vi que não era esse o problema [risos]. Botei uma vez só, foi pouco, 230, 280 mililitros, eu acho. De roupa, não aparece tanto. Não sei se faria hoje, sabendo de tantos casos em que houve complicações. Bom, não ficou dos piores [risos]. Tem coisas que a gente só aprende com a idade. No final, mais vale o molinho verdadeiro do que o duro falso [risos].

Você cresceu na era da camisinha, a Aids já era tema na época do Confissões de adolescente. Como viveu a sexualidade nessa fase? Muito antes da minha primeira relação, minha mãe já havia me levado ao ginecologista. Fui apresentada à pílula, camisinha etc. A gente tinha aula de educação sexual: a coisa de como pedir para o cara botar a camisinha eu aprendi no colégio. Perdi a virgindade aos 18 anos, com camisinha. Assim, de uma forma lúdica, eu diria que não sou o tipo de mulher que vai dar para um cara hoje sem pensar que amanhã a gente vai se falar e discutir o nome dos nossos filhos [risos]. Para mim, a intimidade que o sexo permite a um casal é para pensar em construir uma vida juntos. Se não for assim, nem começa. Eu não lido bem com isso: se o cara não me ligar no dia seguinte, eu me mato [risos]! Não tenho essa força. Eu namoro muito, me envolvo muito. Tento acreditar nesse amor que talvez não seja tão perfeito quanto acho que é. E, com o tempo, me deparo com a realidade. Mas sempre começo alguma coisa pensando em relacionamento.

E drogas, elas estiveram por perto? Costumo dizer que tive sorte. De conhecer o final da história muito cedo. Tive contato com as drogas assistindo a pessoas muito próximas morrerem de overdose. Minha mãe segurou a gente em casa o máximo que pôde. Quando fui ter contato com drogas, já vi o fim da história: overdose, corre pro hospital, vai morrer, não vai morrer. Nessa ocasião, pensei: “Não quero isso para mim. Deve ser bom pra caralho, senão as pessoas não iriam se foder assim”. Isso ficou claro pra mim aos 17 anos. Eu nunca experimentei, e nem posso. Tenho total consciência. Pessoas com a minha intensidade... O meu fim seria aquele que eu vi, e seria rápido. Sou assim com comida. Como uma forma de pudim inteira. Tiro do forno e como direto. Uma panela de brigadeiro todinha também.

Doces são o seu fraco? E álcool? Só os doces. Comida em geral: arroz, feijão, farofa. Bebida, não. Não bebo nada, nem vinho. Não gosto do cheiro, acho mulher bêbada feio, perde uma coisa mágica, suave, doce... Mulher com cerveja, então... Mas quem gosta, tudo bem. Eu acho que se bebesse também, poderia adorar, gostar demais, ficar doida... Tem uma outra coisa aí: eu sempre soube que nasci com uma loucura artística de me permitir viver outras vidas. Por isso não posso perder minha razão, eu me perderia por aí. Passar do ponto fora da consciência, sabe? Eu já vim querendo brincar de ser outra pessoa, já vim com essa dose de loucura. Mas, convivendo com pessoas que usam droga ao longo do tempo, minha prática sempre foi: eu não peço pra você parar, você não pede pra eu usar.

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 No primeiro book, aos 9 anos: "Não tenho lembranças da minha vida sem ser atriz"

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Com a mãe, Silvia Regina, os irmãos Ricardo e Barbara e os sobrinhos

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 Abraçada ao pai, Ricardo

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 Na primeira peça em que atuou, ainda no colégio

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 Aos 15 anos, no seu baile de debutante, fazendo par com Daniel Filho

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 No papel da filha de José Wilker, em A Próxima Vítima, na TV Globo: "Aprendi muito com ele"

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 Na novela Boogie oogie, com o ator Fabrício Boliveira: "Sou uma supermulher, legal, bem-humorada, carinhosa. Mas sexy não seria um dos meus adjetivos"

 

Fonte: Revista Trip

13
Out12

Deborah Secco: "Sou uma mocinha romântica"

Deborah Secco Portugal

Indicada ao Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, atriz fala sobre carreira, fama, a imagem de mulher sexy e o desejo de ter uma produtora própria para poder escolher personagens

Esqueça as periguetes Nathalie Lamour, da novela “Insensato Coração”, e Darlene, de “Celebridade”, personagens que fizeram a cabeça dos homens a cada aparição de lingerie na TV. Esqueça também a mais que periguete Bruna Surfistinha, que lhe rendeu uma indicação como melhor atriz no Grande Prêmio do Cinema Brasileiro que acontece no Rio de Janeiro nesta segunda-feira (15). Discreta e tímida, a atriz Deborah Secco, identificada pelo público como uma mulher sedutora devido ao sucesso de suas personagens famosas, se acha até meio sem graça na vida real: “Se tirasse o glamour de eu ser atriz, as pessoas iam perceber que não sou nada demais”, disse Deborah, em entrevista exclusiva ao iG.

 

 

Suas personagens – quase furacões – servem como uma válvula de escape para a personalidade quieta da atriz. “Talvez os papéis que tenho menos prazer em fazer sejam as mocinhas românticas porque me acho um pouco assim na vida”, afirma ela. “Às vezes vivo tão intensamente as personagens que me dá preguiça de ser muito mais coisas do que uma pessoa em casa lendo um livro”.

Não sou a Alinne Moraes e a Izabel Goulart, que são extremamente bonitas. Essa beleza Afrodite, não tenho”

 

 

Mesmo tentando ser o mais discreta possível, Deborah não consegue fugir do interesse das pessoas pela sua vida pessoal. “Sempre ignorei notícias desse tipo, mas magoa as pessoas que estão a minha volta. Teve uma época da minha vida que tive problemas com a minha mãe e com a minha avó. Elas liam, se incomodavam e queriam ligar para brigar. Minha avó chegou a ir à Igreja para pedir a Deus que parassem de falar sobre mim”, confessou ela.

Para Deborah, a melhor forma de driblar o interesse pela sua vida é não tentar desmentir histórias e focar em sua carreira. Até 2013, Deborah tem mais uma temporada da série “Loucos por Elas”, uma peça e três filmes para fazer. Cinema, inclusive, é a nova paixão da atriz. Ela já pensa até em abrir sua própria produtora. “Tudo na busca de ser uma atriz mais dona do que faço. Fazer personagens que eu escolha e não os personagens que aparecem”.

Confira abaixo a entrevista completa com Deborah Secco:

iG: Você está concorrendo na categoria melhor atriz no Grande Prêmio de Cinema Brasileiro por seu trabalho em Bruna Surfistinha. O que esse papel representa?
Deborah Secco: Já tinha feitos vários pequenos papéis em filmes, mas há um tempo buscava uma grande personagem, que eu precisasse fazer exatamente o oposto de tudo que já tinha feito ou que as pessoas tinham me visto fazer. A linguagem do cinema exige uma sinceridade maior. Menos gestos, mais silêncio do que falas, muitas expressões. Quando apareceu a Bruna, briguei muito para fazer porque eu sabia que era uma personagem feminina rara de se encontrar.

Minha avó chegou a ir à Igreja para pedir a Deus que parassem de falar sobre mim”, sobre notícias de sua vida pessoal

 

 

 

iG: O que ele mudou na sua vida e carreira?
Deborah Seco: Me deu confiança como atriz. Acabei conhecendo uma nova Deborah e tendo um reencontro com a vontade de atuar. Parecia que estava com oito anos, entrando pela primeira vez no estúdio. Cada vez mais, quero encaminhar minha carreira para o cinema. Estou até pensando em ter minha própria produtora. Tudo na busca de ser uma atriz mais dona do que faço. Fazer personagens que eu escolha e não os personagens que aparecem. Adoro fazer televisão, mas não quero ser atriz só disso.

iG: Estava se sentindo desestimulada com suas personagens da TV?
Deborah Secco: Desestimulada eu nunca me senti, mas às vezes achei que faltavam desafios. Era fazer uma coisa que já sabia fazer, num atalho fácil para enganar as pessoas. Depois de Bruna, toda vez que pego um personagem, tento me zerar e construir algumas dificuldades para conseguir crescer como atriz.

 

iG: O Marcus Baldini, diretor do filme, disse em entrevista ao iG que – no inicio - não queria que você fizesse o filme porque você tinha uma imagem sensual muito forte. Já sofreu preconceitos desse tipo?
Deborah Secco: Ele não me queria de jeito nenhum e, hoje, eu jogo na cara dele. Ele já falava que o filme era apelativo suficiente por tratar de Bruna Surfistinha. Se ele coloca uma atriz sensual e fala que vai ter cenas de sexo, torna-se mais apelativo ainda. Ele brigou muito contra o meu nome e o peso que ele trazia para o filme. Mas depois de uma reunião em que me vesti de Bruna, acho que consegui convencê-lo de que eu era quem ele estava procurando.

iG: Como assim?
Deborah Secco: Bruna me levou a ter certeza de que se você quiser fazer um personagem a gente tem que ir atrás dele, bater na porta, insistir, chorar e gritar. Não meço esforços para conseguir os personagens que quero por mais que eu escute um não. Um não eu já tenho, sabe? Ou eu continuo com ele ou faço o possível e impossível para conseguir a aprovação.

 

Se tirasse o glamour de eu ser atriz, as pessoas iam perceber que não sou nada demais”

 

iG: O que já fez por um personagem?
Deborah Secco: Tudo que você pode imaginar e mais alguma coisa. Prefiro não entrar em detalhes. Mas para a Bruna, eu tive de chamar o diretor na minha casa. Coloquei uma camisola de bichinho, vesti meião, arrumei o cabelo para aparentar ter 17 anos. Atendi a porta e falei: “Oi, eu sou sua Bruna”. Você não acredita que eu tenho 17 anos, mas eu vou provar que sou capaz de ter. Deu certo.

iG: Já sofreu preconceitos pela sua imagem sensual?
Deborah Secco: Talvez. Algumas vezes já liguei para diretores e produtores pedindo um papel numa novela. Não tenho vergonha de pedir trabalho, de me expor e fazer quantos testes forem precisos. Sou uma atriz em crescimento, em busca de coisas diferentes. Sou muito desencanada com essa coisa de ser famosa. Acho que quebro as pessoas e um possível preconceito porque chego de maneira espontânea e genuína. Posso não conhecer o diretor, mas se eu sei que ele tem uma boa personagem feminina vou até a lua para tentar pegar o papel.

iG: Como faz para encarar personagens desse tipo sendo que na sua vida privada você é tão discreta?
Deborah Secco: Eu já fiz personagens de todos os tipos, mas talvez os que eu menos tenho prazer em fazer são mocinhas românticas porque me acho um pouco assim na vida e fico, realmente, acreditando em relações e buscando isso. Como atriz, quero personagens opostas de mim. Não sou uma pessoa engraçada, nem sexy. Mas acho que faço bem esses dois tipos de personagens. Talvez se eu tivesse pegado uma mulher meio sem graça - que é como acho que sou - não teria tanto prazer porque é um lugar comum.

 

 

iG: Foi algo que aprendeu com a fama? A impressão é que você era mais intensa em relação a sua vida pessoal quando era mais jovem.
Deborah Secco: Profissionalmente, eu sou intensa. Mas eu tenho de economizar em algum lugar. O que me torna uma pessoa preguiçosa na vida. Às vezes eu vivo tão intensamente tantas personagens que me dá preguiça de ser muito mais coisas do que uma pessoa em casa lendo um livro.

(O papel de Bruna Surfistinha) me deu confiança como atriz. Parecia que estava com oito anos, entrando pela primeira vez no estúdio"

 

 

iG: Você começou sua carreira com oito anos. Como foi crescer com a mídia noticiando tudo que você faz?
Deborah Secco: Nunca li esse tipo de informação, então, para mim foi muito difícil. Estava tão interessada em buscar meus personagens que não dei muita atenção a esse tipo de notícia até perceber a proporção que isso tomou. Todos falando da minha vida particular e o pior, inventando. Estava feito! Eu já era uma pessoa popular, de quem as pessoas falavam e inventavam notícias. Com alguns anos de análise descobri que a melhor coisa a se fazer é ficar em silêncio.

iG: Isso te incomoda?
Deborah Secco: Sempre ignorei, mas pode magoar as pessoas que estão a minha volta. Já tive problemas com a minha mãe e com a minha avó. Elas liam muito esse tipo de notícia, se incomodavam e queriam ligar para brigar. Minha avó chegou a ir à igreja para pedir a Deus que parassem de falar. Hoje, tenho conversado com elas e tenho uma certeza: não importa o que as pessoas acreditem da Deborah. Só me importa o que as pessoas que eu amo e que me conhecem achem de mim. Igual um fã que chega para mim e diz que me ama. Ele ama quem? Ele não sabe quem eu sou ou como sou. É capaz de ele passar um dia comigo e me achar uma chata.

Já liguei para diretores e produtores pedindo um papel numa novela. Não tenho vergonha de pedir trabalho, de me expor e fazer quantos testes forem precisos"

 

 

iG: Na série “Loucos por ela”, pela primeira vez, você está fazendo um papel de uma mulher com filhos grandes. O que está achando de começar a assumir personagens maduros?
Deborah Secco: Fiquei superfeliz porque estava achando que as pessoas estavam demorando a me ver como uma mulher. A mulher de 34, hoje, não aparenta ter a idade que tem.

iG: Teve alguma crise quando chegou aos 30 e pensa em como você vai ser com 40?
Deborah Secco: Não tem como ter crise! As melhores personagens femininas têm essa idade. Também não tenho motivos. Tudo que quis na minha vida, graças a Deus, conquistei. Inclusive, tudo se desenrolou melhor dos que meus próprios sonhos. O que vier é lucro. Minha vida melhorou muito dos 20 para os 30. Acredito que vá melhorar até os 40 e até os 50. Acho que começa a ficar ruim dos 50 para os 60 se você não se cuidar porque tem mais tendências a ficar doente e seu corpo não reage tanto quanto a sua mente. Isso eu tenho um pouco de medo. De envelhecer e ficar doente.

 

iG: Se acha mais bonita também com essa idade?
Deborah Secco: Não sou feia, mas não sou uma mulher que seria notada se não fosse atriz. Estaria mentindo se falasse que não me acho bonita, mas tenho um padrão de beleza comum. Não sou a Alinne Moraes e a Izabel Goulart, que são extremamente bonitas. Essa beleza Afrodite, não tenho. Se tirasse o glamour de eu ser atriz e famosa, as pessoas iam perceber que não sou nada demais. Eu tenho total noção que não sou uma mulher bonita. Sou uma mulher bonita dentro dos padrões normais e tem várias mulheres como eu.

 

iG: Posaria nua novamente?
Deborah Secco: Não. Eu fiz pelo dinheiro que precisava na época. Hoje, graças a Deus, por mais que seja muito dinheiro e que mudaria a minha vida, ele não é necessário. Na época que fiz era.

Não tenho nem ambição ou desejo incontrolável por seguir uma carreira internacional. Se rolar, ótimo”

 

 

iG: Aos 32 anos, se sente pressionada para ter um filho?
Deborah Secco: Não me sinto pressionada, mas me incomoda um pouco que em todo evento que vou me perguntam isso. Eu já disse que não vou falar. Nem se estiver grávida! Já até criei frases: “Filho Deus Manda”. O que muda se eu tiver filho esse ano ou ano que vem?

iG: No ano passado o diretor Steven Spielberg te incentivou para investir em uma carreira internacional. Como foi isso?
Deborah Secco: Só conheci as pessoas, foram todos muito receptivos. Não tenho nem ambição ou desejo incontrolável por seguir uma carreira internacional. Se rolar, ótimo. Mas ainda tenho o empecilho da língua porque para atuar tem de ser fluente. Tenho que focar no meu curso de inglês.

 

iG: Quais são os seus próximos projetos?
Deborah Secco: Estamos gravando a segunda temporada da série, agora. Em janeiro, começo a rodar um longa-metragem, mas não posso falar sobre ele. Em abril, gravo o “Isso é Calypso” sobre a história da Joelma e do Chimbinha. Nessa mesma época, vou estrear a peça “O Casamento”, de Nelson Rodrigues.

iG: Como está a preparação para interpretar Joelma? Vai cantar em cena?
Deborah Secco: Vou começar em dezembro aula de canto e dança. Nunca cantei profissionalmente e não acho que cante bem. Vou ter de estudar muito. Não sei como vai ser no filme, se irei dublar ou se vamos misturar as duas vozes, como foi feito no “Cazuza”.

 

Fonte: Ig

26
Mar12

"Não sou uma mulher bonita", diz Deborah Secco

Deborah Secco Portugal

Modesta, atriz, considerada uma das mais belas do Brasil, acredita que se não fosse famosa seria "só mais uma mulher normal"

 

Deborah Secco: "Se fizesse um personagem que tivesse que engordar ou raspar o cabelo seria muito divertido"

 

Deborah Secco recebeu o carinho do público durante sua visita a Hair Brasil, feira voltada para profissionais de beleza, neste domingo (25) em São Paulo. A atriz foi convidada do stand da Ibramed e fez questão de tirar fotos com o fãs que estavam ali, gritando seu nome. "A gente trabalha para as pessoas. É incrível estar com gente de diversas cidades aqui, não tenho nem palavras", declarou ela.

 

No ar em "Louco Por Elas", ao lado de Edu Moscovis, Deborah falou do sucesso que o seriado está fazendo. "Estamos terminando a primeira temporada e deve haver uma segunda. Devemos ficar no ar até o final do ano. Tomara, estou superfeliz de fazer este trabalho", comentou.

 

Em breve, a atriz também poderá ser vista novamente no teatro. Depois de uma turnê por algumas cidades brasileiras, a peça "Mais Uma Vez Amor", que Deborah protagoniza com Erom Cordeiro, estreia no Rio de Janeiro ainda essse semestre. "Vamos fazer uma temporada lá",contou.

E parece que a atriz também estará nas telonas entre o final de 2012 e o começo de 2013. "Ainda não posso falar a respeito", limitou-se a dizer.

Modesta

Considerada uma das mulheres mais bonitas e desejadas do país, Deborah Secco surpreendeu ao dizer que não se acha tudo isso. "Não sou uma mulher bonita. Se eu não fosse atriz, se não tivesse esse negócio da fama, de ser conhecida, seria só mais uma mulher normal", opinou ela, modesta, em entrevista ao iG Gente.

A atriz falou ainda da vontade de interpretar "uma feia" em algum próximo trabalho. "Acho bacana a gente se transformar. Fiquei muito feliz em fazer o filme sobre a Bruna Surfistinha, para o qual tive que engordar, e depois a Natalie Lamour (em 'Insensato Coração'), que tinha o corpo malhado. Poder brincar de mudar está cada vez mais divertido. Se fizesse uma personagem que tivesse que engordar ou raspar o cabelo seria muito divertido também", concluiu.

 

 

Deborah Secco tira fotos com fãs em evento: "A gente trabalha para as pessoas"

 

Deborah Secco: "Se eu não fosse atriz, se não tivesse esse negócio da fama, de ser conhecida, seria só mais uma mulher normal"

 

Fonte: IG

24
Mar12

‘Preciso de alguém que me dê ordens’, conta Deborah Secco

Deborah Secco Portugal

Em entrevista a revista “Isto É Gente” a atriz Déborah Secco faz diversas confissões reveladoras sobre sua carreira e sobre sua vida pessoal.

“Preciso de alguém que me dê ordens. Não sei gerir nada. Sou preguiçosa”, conta ela em trecho da entrevista.

Sobre sua carreira Deborah Secco conta que pretende sair um pouco do estereótipo da gostosona como foram Natalie L’Amour de Insensato Coração e Bruna Surfistinha, do filme homônimo.

““Meu marido sabe que não tenho nada do estilo da Bruna ou da Natalie. Ainda sonho em fazer uma feia, estranha, tipo a Charlize Theron em Monster. Sou muito mais o que sou por dentro. Meu exterior não é o meu melhor.”

 

Fonte: Visto Livre

24
Mar12

'Nunca me achei bonita', diz Deborah Secco em entrevista

Deborah Secco Portugal

Em entrevista à revista 'Isto É Gente', a atriz falou que em 2012 quer se manter mais discreta e que não vai parar de trabalhar para engravidar

Deborah Secco posa para "Istoé Gente

 

Em entrevista exclusiva à revista "Isto É Gente", Deborah Secco contou que, depois de encarnar personagens sensuais na TV e no cinema - Bruna Surfistinha  e Natalie L'Amour -, esse ano a atriz quer mesmo é se manter discreta. “Ser discreta é sempre muito melhor e faz parte da minha personalidade”, disse. "Bruna e Natalie foram personagens incríveis, mas muito diferentes de mim. Não sou nada sexy, sou a meninona que não usa nem rímel para sair de casa, e que hoje não seria capaz de posar de biquini gratuitamente numa capa de revista, por exemplo. Não tenho nada delas.”, admitiu.

A mudança pode ser vista inclusive em seu corpo. Depois da rotina de treinos intensos para encarnar o tipo "gostosona", bastaram três semanas em ritmo reduzido para a atriz retomar o corpo mais enxuto. "Eu, Deborah, prefiro assim. Não gosto de corpo artificial, super malhado. Não sou eu”, afirmou. Segundo ela, o marido, Roger Flores, aprova o novo estilo. "“Meu marido sabe que não tenho nada do estilo da Bruna ou da Natalie. Ainda sonho em fazer uma feia, estranha, tipo a Charlize Theron em Monster. Sou muito mais o que sou por dentro. Meu exterior não é o meu melhor.”

Sobre os planos de ser mãe, Deborah contou que não pretendo viver a vida em torno disso. "“Tinha planos de ficar dois anos sem fazer nada, mas jamais vou recusar bons convites. Penso que depois dos 30, até uns 45 anos, é a fase dos grandes personagens femininos. Se Martin Scorsese me liga no ano em que decido tirar férias, vou fazer o papel. Ou seja: não penso em parar para engravidar. Aprendi em 10 anos de terapia que a expectativa gera frustração. Vivo o hoje. E mulheres que ficam na ansiedade para ter filhos produzem menos óvulos. É sério!”

 

Fonte: Ego

24
Mar12

Deborah Secco sobre personagens: 'Ainda sonho em fazer uma feia'

Deborah Secco Portugal

Em entrevista exclusiva à revista "Isto É Gente", Deborah Secco contou que está em uma nova fase. A atriz revelou que os últimos personagens que interpretou, Bruna Surfistinha e Natalie Lamour, não paracem com ela e que pretende interpretar algo diferente, uma mulher feia.

Deborah Secco | Foto: Divulgação
Deborah Secco | Foto: Divulgação

“Meu marido sabe que não tenho nada do estilo da Bruna ou da Natalie. Ainda sonho em fazer uma feia, estranha, tipo a Charlize Theron em Monster. Sou muito mais o que sou por dentro. Meu exterior não é o meu melhor”.

Aos 32 anos, Deborah contou que não tem medo de envelhecer. “As rugas não me assustam. Tenho um belo exemplo em casa: minha avó materna tem 82 anos, está noiva, vai ao baile, se arruma toda linda e é super feliz. Malha todos os dias, nada, dança… Mas ela não quer parecer que tem 30 anos. A velhice é a idade mental. Só tenho medo de envelhecer rabugenta”.

Com planos para ter um filho, a atriz não pensa em parar de trabalhar. “Tinha planos de ficar dois anos sem fazer nada, mas jamais vou recusar bons convites. Penso que depois dos 30, até uns 45 anos, é a fase dos grandes personagens femininos. Se Martin Scorsese me liga no ano em que decido tirar férias, vou fazer o papel. Ou seja: não penso em parar para engravidar. Aprendi em 10 anos de terapia que a expectativa gera frustração. Vivo o hoje. E mulheres que ficam na ansiedade para ter filhos produzem menos óvulos. É sério!”.

 

Fonte: O dia online

 

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Dedicado: Deborah Secco Desde: 24 de Maio de 2008 Administradora: Patrícia Nome: Deborah Secco Portugal
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