Como eu já referi outra vezes no blog eu adoro ler as entrevistas da Deborah. Acho que entramos um pouco na pessoa que ela é, conhecemo-la melhor. Aqui fica mais uma entrevista que a Deborah deu à revista "Isto é Gente" da qual foi capa na altura, em 2006. A Deborah fala do seu problema de tiróide, da terapia que faz, de religião, da solidão, do namorado da altura - Marcelo Falcão - e casamento. Um tema tão actual no momento também.
Numa releitura da sua trajetória, Deborah Secco conta como
caiu em depressão ao descobrir que a profissão não era um
conto de fadas, assume não ter muitos amigos e diz que, depois
de 10 anos de terapia, aprendeu a controlar a própria vida
À primeira vista, Deborah Secco continua a mesma: bela, exuberante e sorridente, mesmo às 9h de uma quarta-feira. Alguns minutos de conversa, porém, e surge uma mulher bem diferente – mais madura em suas escolhas e, exatamente por isso, mais plena. “Saí de casa há oito anos e nunca havia pago uma conta. Agora, sou eu quem pago, tomei as rédeas da minha vida”, diz ela.
A atriz, de 26 anos, organizou suas férias – as primeiras desde
que sua carreira na Globo engrenou, há 11 anos – depois de América, em novembro. Isolou-se dois meses nos Estados Unidos e voltou disposta a controlar seus afazeres, sem a ajuda de assessores, secretários, empregados. “Quando voltar ao trabalho, estarei mais tranqüila porque sei que tudo está na minha mão”, assegura. O retorno ao trabalho se aproxima: no fim do mês, Deborah começa a gravar Pé na Jaca, próxima novela das sete, em que viverá a vilã da história, uma freira virgem.
Ao falar do novo papel, ela mostrou que seu poder de criar polêmica continua intacto, apesar das mudanças. Respondeu com ironia a um pedido do autor Carlos Lombardi para ficar dois meses sem sexo, como laboratório para a personagem. “Ele falou brincando e eu falei brincando também que é impossível. Disse a ele: ‘Acho que escalou a atriz errada, não vou conseguir, com meu namorado aqui, não dá’.”
Deborah namora há quase três anos o vocalista da banda O Rappa, Marcelo Falcão, 33 anos. E num intervalo das fotos, um telefonema dá a dimensão da paixão entre eles. “Príncipe, liguei só para dizer que te amo, te amo, te amo”, disse a atriz. Econômica ao discorrer sobre o namoro, Deborah surpreende ao revelar tristezas, temores e angústias: “Quando tive problema de tireóide, há quatro anos, chorava o dia inteiro deprimida, com o mundo à minha volta. Tinha tudo para ser feliz e não era”.
Como foi conviver com o problema da tireóide?
De enlouquecer. Engordei 22 quilos, cheguei a pesar 72. E a tireóide te dá uma depressão, uma preguiça. Não conseguia levantar da cama. O que mais me abalou foi chegar para gravar (O Beijo do Vampiro, em 2002), o diretor tirar todo mundo do estúdio e me dizer: “Você tá gorda. Tá difícil te enquadrar. Não sei mais o que fazer. Você é a vampira gostosona e a gente tem que só botar no close”.
Como reagiu?
Desmoronei. Minha vida não é só alegria. Essa profissão é difícil,
te deixa muito sozinha em alguns momentos. Não estou sempre
feliz. Fico muito sozinha em casa, só com a família. Como não freqüentei colégio, porque já trabalhava e só ia fazer prova, não
tenho amigos de infância em quem confie. Tem momentos que sento, choro e não sei o porquê.
Isso acontece sempre?
Tenho muitos momentos felizes e muitos tristes, de me sentir só, de ver minha irmã saindo com amigos, tendo quantos namorados quiser, ficar com o cara, ver que não dá certo e passar impune por isso, e eu não. Vejo que minha vida é ficar em casa, vendo filme e jantar. Não tenho muitos amigos. Às vezes fico em casa e o telefone não toca. Não tem ninguém para conversar porque não posso obrigar minha família a ficar no meu mundo. Quando estou fazendo novela, não tenho tempo para eles.
Como convive com a solidão?
Fui aprendendo arduamente, sofrendo. Acordando e falando: “Não tenho nada para fazer, vou ao cinema sozinha, vou jantar sozinha”. Às vezes me olhava e dizia: “Não tenho por que estar viva, nada para fazer. Os dias passam e fico nessa cama, olhando para esse teto e nada acontece”. Saía e dançava exacerbadamente não porque era maluca, mas precisava botar uma tristeza para fora. Fui fazer análise, para saber quem sou, por que estou chorando, que solidão é essa.
Há quanto tempo faz análise?
Dez anos. Tenho uma irmã da minha idade e nossas vidas sempre foram diferentes. Minha irmã é muito mais feliz que eu, a vida dela
tem muito mais motivação que a minha. Comecei a ver que a
minha motivação era só trabalhar, trabalhar, e em algum
momento isso ia pesar.
Foi assim desde o início?
Quando terminei minha segunda novela (A Próxima Vítima, e ela tinha 15 anos), chorei por quinze dias, tinha perdido a minha vida. De repente, você perde o público, sua historinha de amor, seu cotidiano. Ali, vi que tinha que fazer análise, que minha vida não seria o conto de fadas de quando sonhei ser atriz. Mas a motivação e o amor pelo que faço são maiores. Descobrir quem é a Deborah, porém, não conseguirei nunca.
Por quê?
É como quando me perguntam se acho que fiz um bom trabalho
em América. Não sei se fiz um bom trabalho, fiz o melhor trabalho
que pude. Não sei se sou boa atriz, mas sou a melhor atriz que
posso ser. É uma luta para saber o que me faz feliz. A “não vida” que eu tinha, botando todo mundo para fazer tudo para mim, também não me fazia feliz.
Como assim?
Achava que não era capaz de cuidar das minhas coisas. Mas comecei a construir uma vida normal, olhar minhas contas, ir ao supermercado, criar um porquê de estar viva. Hoje, faço tudo isso, arrumo armário. Olho um monte de roupas ainda com etiqueta e quero me matar porque estão ali há dois anos e nunca usei. Comprar exacerbadamente era como dançar. Se estava muito triste, comprava e não sabia nem o quê. Hoje, não tenho prazer de comprar roupa. Já sei direcionar minha verdade, descobrir o que era de mentira e tapava os buracos da minha solidão, meus momentos de angústia. Mas eles existem. Do nada, às vezes sento e choro.
Até hoje?
A última vez tem um mês. O buraco vem mensalmente, geralmente quando estou há muito tempo sozinha, quando as pessoas que
tenho, que são poucas, não podem estar comigo. Meus pais e
meus irmãos têm o trabalho deles, o Falcão trabalha pra caramba, viaja de quinta a domingo.
É religiosa?
Deus é tudo. Fui criada no catolicismo, mas acredito em reencarnação, no carma, que a gente colhe o que planta. Li muito Kardec e sobre o budismo. Sou uma estudiosa de Teologia. Freqüento uma igreja há um tempo e também uma ordem espírita.
Posaria nua novamente?
Hoje, não faria. Naquela época, não tinha consciência da exposição, do peso que teria na minha vida. É um peso que só quem passou pela banca e se viu, sabe. Pesou e incomodou. Não na primeira vez que posei, era muito nova. O (fotógrafo) Duran falou: “Vamos fazer uma foto tomando mamadeira”. Achei o máximo, não via a menor maldade, era muito idiota.
Por que mudou de casa?
Não preciso mostrar nada a ninguém. Para que ter um megaespaço se o que preciso é de um quarto e sala? Morava numa casa de quatro quartos com piscina, sauna, academia. Eu me sentia sozinha. Estou mudando, mas não é para um quarto e sala pequeno. Peguei um apartamento grande, de três quartos, e transformei num quarto e sala com o que precisava: minha bancada de maquiagem, meu closet grande, uma cama grande, uma banheira. Dispensei os outros funcionários e hoje preciso só do meu motorista.
Está mais caseira?
Quero que alguém mostre foto minha em uma boate, nunca entrei numa. Sou caseira há tempos. Falcão me fez aprender a gostar de sair para dançar, adoro dançar black music.
Falcão mudou a Deborah?
Ele não me mudou em nada, porque ninguém muda ninguém. É claro que todo relacionamento acrescenta muita coisa. Se tem algo que admiro no Falcão é o tanto de coisas que ele tem a me oferecer como ser humano. E eu tenho um universo de idéias para oferecer a ele. Relação é uma troca. Senão, ele não estaria comigo até hoje, não suportaria essa doação. Ele conheceu a mesma Deborah, talvez uma Deborah em processo de amadurecimento. Essa relação me acrescentou muitos princípios, coisas que eu já buscava. Mas a transformação é minha.
Em que ele acrescentou?
A maior troca entre nós foi essa coisa da família, valores da vida. Ele sabe exatamente o que quer para ele, o tamanho que tem. Admiro isso, nesse sentido quis me espelhar nele.
Quais são seus valores em relação à família?
Meu pai e minha mãe se separaram. Sem querer culpá-los, mas depois todo mundo ficou muito distante. Não quero me separar, quero lutar por uma relação que dê certo. Quando não houver mais a juventude, a beleza, a disposição, quero ter um companheiro que saiba o que estou pensando só de me olhar. É uma escolha, depois de ter vivido coisas que não valiam a pena. Nada do que vivi era parecido com isso.
Acredita em amor eterno?
É uma coisa que desejo para mim. Vou tentar todo dia fazer com
que seja. Estamos juntos há quase três anos, mas desde o início soube que gostaria de ficar junto com ele para sempre. Pode ser
que não fique, mas gostaria. O que posso dizer é que essa relação
me faz muito feliz.
Quando planejam se casar?
Estamos noivos, mas sem data de casamento, por falta de tempo. Vou fazer novela, ele vai gravar disco novo. E casar sem lua-de-mel não tem graça! (risos) É uma escolha minha não criar expectativa. Então, se casar, ótimo. Se for na Igreja, ótimo. Se tiver filho, ótimo. Desde que comecei a brincar de boneca penso em ter filhos. Mas pode ser agora, daqui a um mês ou dez anos. Vai que planejo que seja antes dos 30, aí tenho problema de engravidar e não consigo? Vou sofrer.
Como lidam com o ciúme?
Temos ciúmes normais de pessoas que se amam. Mas temos confiança no que estamos construindo. Se algo me incomodar,
vamos conversar e resolver. Nunca fui nem um pouco ciumenta,
mas pela primeira vez estou sendo.
Tem ciúmes da Maria Rita?
Não. Em nenhum momento ele foi visto saindo da casa da Maria Rita, no carro dela. Só foi visto no palco com ela. Não tem o menor motivo para eu ter ciúme. Não sei de onde surgiu esse boato.
Da foto que flagrou os dois de manhã, após um show.
Ninguém sabia quem eram os outros na foto: o presidente da gravadora e o diretor de marketing. Estavam combinando o CD acústico. E eu estava dormindo, tinha que gravar às 7h.
Vocês são amigas?
Não a conheço muito. Encontrei-a uma vez num show do Rappa em São Paulo e outra, no show que ela fez no Rio. E nunca mais. Mas não tem nenhum problema entre nós. Pelo contrário, a Maria Rita é uma grande cantora, tem uma voz incrível. Não me incomoda a parceria deles dois.
A Deborah foi capa da revista "Isto é Gente" a 7 de Agosto de 2006
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"Não preciso mostrar nada a ninguém. Para que ter um megaespaço se o que preciso é de um quarto e sala? Morava numa casa de quatro quartos com piscina, sauna, academia. Eu me sentia sozinha", diz Deborah |
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Sobre posar nua: "É um peso que só quem passou pela banca e se viu, sabe. Incomodou. Não na primeira vez, eu era muito nova. O (fotógrafo J.R.) Duran falou: 'Vamos fazer uma foto tomando mamadeira'. Achei o máximo, não via maldade, era muito idiota" |
Fonte: Isto é Gente