Deborah Secco narra o Novelão do Vídeo Show
No ar no quadro Novelão, do Vídeo Show, a atriz conta que a inexperiência com viagens ao exterior ajudou a construir a personagem Sol
Na novela América, Deborah Secco fez sua primeira viagem internacional a trabalho e experimentou a responsabilidade de viver uma protagonista. “A novela foi a realização de um sonho. Quando eu era criança falava que queria ser protagonista da novela das oito, que o meu nome fosse o primeiro a aparecer nos créditos!”, diz a atriz. E para melhorar, o sonho a levou a um dos cenários mais fantásticos das novelas, o deserto que separa os Estados Unidos do México. Um compacto da trama que manteve milhões de brasileiros grudados na televisão está sendo exibido no quadro Novelão do Vídeo Show. A atriz gravou a narração da história e, nos bastidores, contou um pouco mais dessa experiência.
A atriz Deborah Secco lembrou as dificuldades de gravar nos EUA
CONTROLE AÉREO
Ao chegar ao país, Deborah Secco percebeu a grandiosidade da gravação da novela. “A polícia americana sobrevoava a área de helicóptero no dia que a gente foi fazer a travessia. Ela foi mobilizada para a gente poder usar aquele trecho que é tão monitorado, uma área totalmente controlada por sensores, que tiveram que ser desligados. Eu estava realmente deslumbrada com aquilo tudo. Essa inocência minha, essa inexperiência, davam muita verdade para a Sol”.
Deborah revela que o trabalho em condições adversas teve momentos curiosos. “Ficamos 40 dias fora do país, num deserto, onde as condições de vida não eram fáceis, de filmagem muito menos. No dia que fizemos a travessia, estava menos dois graus. E a gente teve que se molhar, entrar na água e correr. Os atores que faziam os atravessadores não entendiam quem era ator e quem não era, ou não entendiam direito a nossa forma de fazer dramaturgia, porque eram mexicanos, espanhóis ou argentinos. Eles gritavam, brigavam com a gente! E eu realmente não sabia uma palavra de inglês”, diverte-se a atriz.
Sol e Tião viveram um amor à primeira vista em América
INEXPERIÊNCIA
O inglês precário, de quem não tinha fluência na língua, foi providencial para dar realismo à personagem. “Foi muito legal porque a Sol veio numa falta de experiência minha que trazia muita verdade para ela na forma de falar inglês. Várias vezes, a gente estava gravando em Miami e eu tinha que limpar o chão, quando vinha alguém falar comigo e eu não entendia nada. Só dizia: ‘What?’ Essa falta de habilidade não era interpretação, era real. E eu também tinha um deslumbre muito grande com os Estados Unidos. Eu já tinha ido para lá, mas nunca tinha feito uma novela com viagem internacional, então me achei importante por viajar trabalhando, ter visto de trabalho no exterior”, lembra Deborah.
IMIGRANTE ILEGAL
Para Deborah, a cena mais emblemática da novela, em que Sol é flagrada tentando entrar no país, atrás do painel do carro, não foi tão ruim quanto parece. “Foi super confortável. Achei que eu ia ficar com uma mega dificuldade para ficar ali, mas consegui até dormir enquanto esperava a equipe mudar a posição de câmera”, conta.
ROMANCE
Mas para os noveleiros de plantão, bom mesmo foi acompanhar o triângulo amoroso entre Sol, Tião (Murilo Benício) e Ed (Caco Ciocler). No final da trama, Sol termina nos braços do tradutor americano e não do grande amor de sua vida. “Muito difícil falar porque são dois atores e os dois são amigos, né? (*risos*) A internet estava surgindo de uma forma mais forte, e o público teve um posicionamento que fez com que a autora mudasse o final. Então fazer parte disso é quase como fazer parte da história da televisão. No final, eu torcia para o Ed, para que fosse um final revolucionário, diferente mesmo de tudo o que já tinha sido visto em histórias de amor em novelas”.
Romântica assumida, Deborah revela que gostou muito de acompanhar o envolvimento dos personagens. “Quando eu comecei a gravar minhas cenas com o Caco, eu me lembrava de como eu gostava de assistir comédias românticas. Eles começaram de mentirinha, foram morar na mesma casa, daí ele dorme no sofá e ela no quarto, mas se esbarram de vez em quando. É aquela coisa que você vai aprendendo a gostar da pessoa pela convivência. Era um romance que é muito próximo da vida das pessoas, quase não era uma história de novela. Era aquele romance que todo mundo vive, cotidiano, por isso essa identificação veio tão forte”, diz a atriz. “Nunca imaginei que eu seria a mocinha, e o Brasil torceria tanto. E a história da Sol reverbera até hoje”.
Deborah Secco conta que gostava do visual da personagem Sol
MULHER COMUM
Ao reaparecer no vídeo, no Novelão, a atriz impressiona pelo visual diferente. “A Sol é a personagem que eu mais me identifico em relação ao visual. Adorava aquele cabelo grande, cacheado, que é o meu cabelo de verdade e eu nunca mais vou ter... Eu estava bem magrinha e tentei emagrecer mais, principalmente na época da travessia, porque para ela era um momento de comida muito escassa. Ela não podia estar em forma, porque ela estava no perrengue total, sem dinheiro para comer, trabalhando como faxineira. Então ela estava magra e não podia ter grandes formas, nem para muito nem para pouco".
O mundo dos rodeios também impressionou a atriz, que nunca tinha acompanhado a Festa de Peão de Barretos. “Fiquei encantada quando cheguei a Barretos e vi aquela loucura. Esse é um grande mérito da Glória (Perez). Ela consegue fazer com que a gente, na nossa cidade, na nossa casa, conheça lugares que são nossos, são do Brasil, são muito fortes na cultura de outros Estados”, completa. São tantas histórias, que Deborah garante que esse trabalho jamais será esquecido. “Foi uma novela que marcou muito. Era uma novela que toda cena era uma grande cena. Não tinham cenas mais ou menos, então eu tinha uma dedicação integral. Muito do que eu tenho hoje eu aprendi ali com a Sol”, afirma.
Fonte: Globo